QUEM FICAR PRESO A “ENCENAÇÃO”, CORRE O RISCO DE CAIR SENTADO NO CHÃO.

Resolvi postar o texto do Capelli, comunista, ex-presidente da UNE, que mostra a quantas andam a percepção deles da realidade do quadro político atual. Você vai se surpreender:

QUEM FICAR PRESO A “ENCENAÇÃO”, CORRE O RISCO DE CAIR SENTADO NO CHÃO.

Por Ricardo Garcia Capelli

Zé Dirceu, general da esquerda brasileira, é arquiteto e alma do PT. Consultado certa vez sobre a possibilidade do partido integrar uma Frente Partidária, foi direto: “o PT não pode ir para uma Frente porque o PT já é uma Frente.” É um registro, não vai aqui nenhuma crítica ao Partido dos Trabalhadores. O próprio Ciro Gomes, perguntado se acreditava na possibilidade de apoio do PT se Lula não for candidato, reforçou o pensamento de Dirceu: “não, não espero. Eles terão candidato. É da natureza do PT”.  

A caravana de Lula pelo Nordeste serve a este objetivo. Lula é do PT, apesar de ser óbvio, tem gente que a esta altura ainda acredita que ele é um líder suprapartidário. Não acho que Lula está errado. Ele tem partido. Partido existe para disputar poder, do contrário vira ong, centro de estudos estratégicos ou consultor de luxo. Lula sabe que suas possibilidades de ser candidato são remotas. O PT também sabe. Por isso utilizam o carisma do ex-presidente em caravana para fortalecer a legenda no seu principal reduto. Pelo que soube, na Bahia, nem a “aliados históricos” foi franqueada a palavra nos atos. Na hora de capitalizar o prestígio de Lula junto ao povo, o partido se fecha e “cotovela”, evitando qualquer perda ou concorrência. 

Estão errados? Estão sendo coerentes com a estratégia que definiram. Fortalecer o PT no Nordeste é para eles essencial. Se Lula estiver fora do jogo, o petista que ocupará a vaga terá na região um decisivo ponto de partida. Ciro e o PDT vão trilhando seu caminho. Inteligente e muito qualificado, é um belo candidato. Assim como o candidato petista, cumprirá o papel de afirmar o PDT no cenário nacional. É cedo para dizer se cumprirão apenas o papel de afirmar seus partidos na disputa pelo “lugar da esquerda no pós-Lula” ou se alçarão voos maiores. 

O PSB ainda está cercado de incertezas. A tendência é que os Pernambucanos reassumam o controle e que boa parte desembarque. Parecem buscar também candidato próprio, seria um caminho natural só reversível com uma pouco provável candidatura Lula. Em meio a brutal defensiva da esquerda, o que está em jogo é a sobrevivência das legendas do campo, e o lugar que cada uma ocupará na reorganização inevitável do pós-Lula. Todos “encenam amplitude”, mas na luta pela sobrevivência o jogo será duro, cada um cuidará de sua própria pele. 

A guerra é pragmática, nela não cabem romantismos ou a espera de uma “consideração ideológica” descolada da correlação de forças objetiva. Quem não entender a dureza do que vem pela frente e não construir uma estratégia independente e altiva, que garanta sua própria sobrevivência e afirmação, corre o risco de, quando a música parar, com as cadeiras todas ocupadas, cair sentado no chão.

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